terça-feira, 27 de abril de 2010

Não quero ser melhor que ninguém

Negócio é o seguinte.Porque decidir ser uma pessoa melhor que as outras?Porque decidir que você vai competir com outras pessoas para ter mais?Mais grana,mais amor,mais objetos pessoais?Estava lendo um post maravilhoso no Heresia Loira sobre amizade e conquistas pessoais e lembrei dessa cultura do vencedor que a TV e a sociedade em geral nos impõe.Vou falar a real aqui,para você,para o Mingau,para a Deise Duarte,a Sílvia e a torcida do Flamengo Próspera.Já estou de saco cheio de ter que ganhar sempre.

Quero poder desfrutar da minha mediocridade sem ninguém me olhar torto e me achar esquisito.Quero ter um carro meia boca,morar na periferia,não ter casa na praia,não ser a pessoa mais amada do mundo,não ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar,não ter milhões de roupas no guarda-roupa que nunca vou usar.Quero poder ser a pessoa mediana que sou sem ninguém me achar um perdedor.

Se outras pessoas conseguem feitos memoráveis eu quero poder ficar feliz por elas,sem ter inveja.Eu tenho 33 anos de idade e a essa altura da vida já sei que não vou formular uma segunda Teoria da Relatividade que refute a de Einstein.Eu quero formular a tal Teoria,mas não vou.Porque não sou brilhante,sou apenas uma pessoa comum e estou confortável com isso.

Então combinemos uma coisa.Eu fico aqui no meu cantinho sem incomodar ninguém,sem cobrar realizações fantásticas de ninguém e vocês façam a mesma coisa comigo.

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O Vencedor - Los Hermanos

sábado, 24 de abril de 2010

Lá e cá

Manhã de segunda-feira sinta o ar impuro. São Paulo.

O celular toca.

— Alô? Olha pra frente, vovô!
— Hein?
— Não é contigo, é com.. Ah, deixa. Tô no transito, fala!
— Nossa e precisa ser assim?
— Filha da puta!
— O que é?!
— Ah, cacete. Minha lanterna...
— Bateram no seu carro?
— Não, só estão conspirando contra mim. Diz.
— Sabe, os amigos do Emanuel vem hoje então...
— Então você não vai pagar o que fez?
— Ah, amor, posso pagar. Mas não posso fazer tudo sozinha, não é?
— Tá me chamando de quê?
— Não é isso, amor. Olha, vamos fazer assim: Eu contrato o palhaço e você toma conta dos quitutes.
— Alguém vai ter que pagar isso, e não sou eu.
— Mas amor, você tinha concordado ontem à noite!
— Não tem acordo, cale a boca. Vou ligar pro meu advogado.
— Advogado, mas não é necessário amor!
— Chame o seu, e eu chamo o meu. Fim de papo.
— Não amor, podemos cancelar a festa. Vamos levar os meninos pro shopping, eles comem uma pizza e pronto!
— Então veremos babaca.
— Babaca?
— Isso mesmo, por que?
— Agora você precisa mesmo de um advogado. Não, melhor, de um médico.
— Isto é uma ameaça?
— Não sei. Mas cabeças vão rolar.
— É melhor fechar a boca, se ainda quer dar um beijo de despedida nos teus filhos.
— Canalha! Bem que mamãe falou!
— Isso, chama sua mamãe!
— Deixa ela escutar isso.
— Você ainda precisa crescer, moleque!
— Moleque?

Um silencio breve, seguido de um baque. Parecia a porta do carro batendo.

— Oi amor, do que falávamos?

Crônicas que minha professora não leu.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Mulheres que me fazem lamber a tela do computador.

Estou corneando a minha TV com a internet.A pobrezinha esta lá,no canto dela,desligada e jururu.Fazer o que,larguei um vicio e assumi outro.Mas isso me traz a um outro assunto:”Quem aqui amigo nunca teve vontade de lamber a tela da TV quando viu aquela gostosa rebolando"?”

Não tem jeito,desde que o mundo é mundo que os homens se amarram em ver mulher pelada,seja ao vivo,na TV,ou em fotos,e até desenhada na parede de cavernas por algum homem de Lascaux taradão.É da nossa má índole babar todas as vezes que vemos o desfile de lingerie na Luciana Gimenes,logo no intervalo do futebol,quando você mulher se descuida e vai ao banheiro.Porque você acha que mudamos de canal rapidinho?

Como não vejo mais TV tenho que usar a internet para saciar meus vícios olhísticos sexuais taradões.Abaixo uma pequena lista de mulheres que já me fizeram lamber a tela do micro:

Mirella Santos – A mulher deve passar mais tempo na academia do que respirando para ter um corpo desses.Mas o mais interessante dela é que tem um péssimo gosto para homens,vide ser casada com o Latino,ou seja tenho chance.


Fernanda Souza – Dá para acreditar que aquela piveta das Chiquititas ia se transformar nesse mulherão?Não dá né?Pois é,eu deveria ter fundado um fã-clube para ela naquela época,quem sabe agora eu teria alguma chance de,sei lá…Limpar com a língua o chão onde ela pisa.


Sabrina Sato – Dizem que é burra,mas olha aqui,eu não à quero para resolver o último teorema de Fermat então não estou nem aí se o cérebro dela perde na corrida para o cérebro de uma ostra.Além do mais é outra que tem um péssimo gosto para homem,tô dentro,nesse nível de péssimo para baixo eu me encaixo.


Tila Tequila – Essa só conhece quem freqüenta o MySpace e assiste a MTV.Uma asiática,hiper-mega-gostosa,bi-sexual e que tem tequila no nome?Quero duas por favor,uma para comer aqui e outra para levar.


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Benny Benassi - Who's Your Daddy

sábado, 17 de abril de 2010

Jeitinho brasileiro

O estado era crítico.

Atropelaram um menino numa bicicleta de barra circular, ainda com a camisa da papelaria onde trabalha, perdeu R$ 2,00 que viriam a comprar seu almoço.

Eu era o menino.

Abri os olhos e logo senti o cheiro de álcool. Cheiro de hospital. Sozinho, sonolento. O hospital é público, e a comida acompanha o mesmo ritmo.

— Será que vocês poderiam me dar algo que esteja quente?
— Será que o governo poderia me dar um plano odontológico melhor?

Todos ali estão armados, e você é só mais um. Eu só fui atropelado, nem deveria ter uma cama. No máximo uma esteira de palha, feita por idosas que moram nas filas. Já existe time de futebol composta apenas por idosos da fila, os “Meninos de Ouro” tem muita história e tradição. Idosas que fazem artesanato seria uma coisa nova.

Não consegui comer aquela coisa que ficava no meu prato, uniforme. Eu trabalho em uma papelaria, mas eles pensaram que eu tinha caído de algum foguete, da NASA e me ofereceram uma comida digna de um astronauta. Tentei novamente:

— Por favor, acho que falo por todos quando digo que é impossível comer isso.
— Tem certeza?
— Tenho.

A mulher assoviou, e em alguns segundos apareceu um cachorro. Já não sabia se estava em um hospital ou em um açougue. Ela então pôs meu prato no chão. O cachorro começou a comer como se fosse um banquete real com lagostas e vinho do porto.

— Não é mais impossível, vossa majestade. – Dizia a enfermeira exibindo um sorriso inquietante.
— Mas ele é um cachorro.
— Uma cadela.
— Tanto faz.
— Tanto faz não. A fêmea tem uma coisa que o macho não tem...
— Ah, que nojo, como fica dizendo isso num hospital?
— A fêmea tem instinto de mãe.
— Ah, não quero saber o sexo do cachorro, nem se ele já participou do programa das grávidas do Drauzio Varella. Eu quero comer algo.
— Acho que ainda há tempo de fazê-la vomitar...
— Está louca? Quero algo que esteja quente.
— Eu estou quente. – Insinuou.
— Eu estou fervendo.
— O hospital não me permite ter relacionamentos com pacientes.
— Estou fervendo de raiva de você.
— Agora que você morre de fome mesmo, seu arruaceiro. Fica aí atravessando sinais, agora quer Sushi no almoço. Me poupe.
— Tá, tudo bem. Você me arruma algo para comer, e eu lhe pago.
— Me mostre o dinheiro.
— Bem, eu perdi... Mas daqui a pouco minha mãe chega com o dinheiro. Prometo.
— Daqui a pouco começa Vale a Pena Ver de Novo. Nazaré vai se jogar da ponte. Tchau.
— Espera, espera. Por favor, eu juro que vou te pagar. Se eu não pagar você põe chumbo na minha bolsa de soro.
— Fechado.

Ela então sai do quarto. Volta minutos depois, dizendo:

— Daqui a pouco o cozinheiro faz pra você. Ele está em uma cirurgia delicada no momento.

(Crônicas que minha professora não leu)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Diploma com assinatura de Jesus Cristo (WTF?)


Essa não dá para deixar passar.A Igreja Universal aprontou de novo.Dessa vez a Instituição do Bispo foi condenada a devolver os dízimos cobrados a um fiel que tem uma séria doença mental e estava dilapidando o patrimônio da família para pagar os assaltos dízimos para a igreja.

A ação foi movida pela mãe do malucão que já não aguentava mais comer ovo frito,dividido em dois,enquanto o Bispo comia caviar em alguma de suas mansões.Segundo os juízes,nas reuniões em que participava desde 96 o cara era induzido sempre a contribuir com alguma coisa,seja na forma de dimdim puro e simples,ou comprando algum bem de alto valor histórico estórico.Itens como:A chave do céu (aiiiii),terrenos no céu(aiiiiiiiii) e um diploma de dizimista assinado por ninguém menos que o próprio Jesus (aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii).Aquele mesmo lá de Nazaré,que fazia aquelas magicas estilo David Blane.

Com o agravamento da doença o fiel foi afastado do trabalho e como não podia mais pagar o dízimo vendeu um terreno pertencente a família e emitiu diversos cheques pré-datados para manter o compromisso assumido com o Bispo.Esse Bispo é o cara,aceita até pré-datado.Deve aceitar vale-refeição também.

O valor no qual a igreja vai “morrer” é de 50 mil reais de indenização mais 5 mil como danos morais.Coitados,vão falir.Onde irão conseguir dinheiro para comprar santas para chutar?E as festinhas no iate como ficam?Tsc,tsc…tem gente que não sabe brincar…

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SEGURA NA MÃO DE DEUS - NELSON NED

terça-feira, 6 de abril de 2010

O presente de Deus é a vida eterna




Tudo bem,entendi.Você pode viver para sempre se acreditar em Deus.Novas…Mas eu só tenho uma pergunta a fazer?Para que?A vida é uma chatice!

Não que eu queira morrer ou algo assim.Quer dizer,já estou aqui mesmo,então vou ficando.Mas viver para sempre?Essa mesma vida chata de todos os dias?Não quero não obrigado.

Agora se for para viver uma vida que eu possa escolher aí tá.Estou dentro.Já pensou?Não preciso mais acordar cedo para ir trabalhar.Vou ficar o dia todo de pernas pro ar,naquele calorzinho gostoso,a beira mar,tomando um chopp Eisenbahn e sendo abanado por mulheres lindas que estarão a minha disposição para o que der e vier.Principalmente para o que der.
Como assim não é desse jeito?Não é o paraíso?!Se não for assim então não é paraíso,pelo menos não para mim.

Então agora eu tenho que viver uma vida cheia de restrições para poder chegar no céu e me dar bem?Para ir para o céu eu preciso viver o inferno primeiro?Nananinanão.E além do mais,segundo a Globo,o céu é um imenso campo de golfe,com todo mundo vestido de branco e andando de mão dada.
Eu me recuso a andar de mãos dadas com o Antônio Fagundes!!!Com a Cristiane Torloni ,só se ela pagar. R$10,00  à meia-hora.Pensando o que?O cara dá um duro danado a vida toda,constrói uma imagem no meu caso uma ruim, um estilo só seu,aí chega nos portões do céu encontra com São Pedro que te dá uma roupa toda branca,do balaio da 25 de Março e te manda entrar.E não tem chupada.Não dá para mandar para uma costureira dar uma “ajeitada” como as Patys aqui de Criciúma fazem com as camisetas dos pagodes sertanejos.É aquela coisa branca e deu.E ai se sujar.Vai andar com uma roupa amarronzada para o resto da eternidade…Pois é…

proibidos02



Crédito da primeira tirinha - Alberto Montt
Créditos da segunda tirinha - Malvados

sábado, 3 de abril de 2010

Conspiração no restaurante

O Eduardo, na verdade, fazia faculdade de biologia. Só era garçom porque morava só, e precisava do miojo de cada dia. Meio desajeitado, ou um tanto despreparado, ele mal sabia segurar a bandeja. Uma vez perguntara se não poderia usar um carrinho, como nos cruzeiros que se vê nos filmes. Uma mulher então decide fazer um pedido:

― Por favor..

Chamava a tal mulher, acenando em direção ao balcão, onde estava Eduardo, estudando. O barman dá um tapa no braço do rapaz, e aponta para a mesa onde está a mulher. Eduardo corre até a mesa, e com um sorriso meio fraco, diz:

― Pois não?
― Que demora, hein?
― Desculpe, senhora... Eu só estava...
― Tá, tá... Poupe-me de suas desculpas. Não sou sua mãe.
― Ela é mais magra.
― O quê disse?
― Ér, o que a senhora deseja pedir?
― Bom, vou querer apenas uma salada e um copo d’agua, por gentileza.
― Ah, está fazendo regime?
― O pedido por favor!
― Ah, sim... O pedido. Uma salada, não é?
― E um copo d’agua.
― Nossa, que almoço.. – Dizia Eduardo, com uma cara de menosprezo.
― Quem vai comer: Eu ou você?
― Nem em um daqueles campeonatos chineses onde as pessoas sofrem, para ganhar um prêmio em dinheiro, eu comeria uma coisa dessas. – E ria sadicamente.
A mulher se levanta, bate a mão na mesa e grita:
― Pois eu como! E comerei em outro lugar!
Antes que ela desse o primeiro passo em direção a porta de entrada – ou saída – o garçom entra em sua frente:
― Mil perdões! Por favor, fique... Eu estou aqui a pouco tempo, e não sou muito bom nisso.
A mulher olhava para o rapaz e o relógio, enquanto rangia os dentes, disse:
― Uma salada e um copo d’agua. – E pôs a sentar-se.
― Uma salada... Um copo d’agua... – enquanto anotava, fez uma cara de dúvida – Então é por isso!
― Por isso o quê?
― Por isso pediu um copo d’agua! Não tem preço! – Dizia com um sorriso louco. – Eu sei como é... Sempre que vou naqueles barzinhos, acabo com o amendoim.
― Está me comparando com um garçonzinho de quinta, que devora amendoim em botecos?
― Que pede água no almoço.
― Pra mim chega! – A mulher saía, meio enraivecida. Eduardo via-se indo ao mesmo destino, porém com outro objetivo: o de não voltar mais como garçom. Então, como se ouvisse sua consciência guiar-lhe, estendeu a mão até o ombro da mulher e disse:
― Te pago um suco! Manga?

Crônicas que minha professora não entendeu.