domingo, 30 de maio de 2010

Inutilidade Poética

















Nossos versos eram os únicos vestígios

que deixávamos aqui,

só eles nos compreendiam

e nos libertavam de nós.


Inventávamos muito para conhecer

aquelas partes intocáveis e escondidas por dentro

que só as palavras alcançavam

através de poesias inúteis.


Olhares cruzados atingiam

desenhos verbais por entre rimas

enquanto nos transfigurávamos

em nossos embaraços verbocorpóreos.


A cada travessura métrica

sonhávamos a inocência

das coisas que não acontecem

como quem pula obstáculos.


E por amor

unimos nossas palavras até ouvir o silêncio delas

ao desver o mundo nos abandonos

e guardar os desconcertos dos nossos absurdos secretos.


Assim abrigamo-nos nas palavras

antes mesmo que em nossos corpos

e sustentamo-nos em poesias

antes mesmo que em nós.




*Fernanda Tavares 20 anos. Estudante de Psicologia, apaixonada por expulsar de si palavras vagas que se emparelham até formar coisas inúteis que muito significam e nada valem, pelo simples amor e prazer de brincar com a poesia como quem brinca consigo mesma.


http://meninadosolhos00.blogspot.com/



5 Cafezinhos:

Natacia Araújo disse...

Venero esse teu suposto céu Fê... Lindo!

Fernanda Tavares disse...

muito obrigada pelo convite.
adorei estar aqui.

sempre bom dividir com voces as inutilidades poéticas, né?

:**

Edina Regina Araújo disse...

Fernanda minha querida,simplesmente amei ,de verdade Parabéns!

Rene Serafim - "Juninho" disse...

Como você já sabe: Maravilhoso!

Nathália Azevedo disse...

Lindooo demais, parabéns, Fernanda!