Mentindo pra si mesmo

E todo dia é aquele quebra pau, aquele arranca rabo, coisa que nos persegue onde menos esperamos.
Quando a filha mais nova aparece grávida de um maluco qualquer desempregado, com passagem na policia e diz ser músico quando ele na verdade canta numa banda de arrocha com nome apelativo.

- E esse quem é?
- Se quiser eu vou embora...
- Não Cleiton, fica!
- Então o nome é Cleiton.
- José Cleiton.
- José é nome de...
- Homem trabalhador né, mãe?
- Eu ia falar...
- Já falou.
- Olha amor, eu acho melhor eu ir...
- Eu acho melhor você ficar! Porque se minha mãe quiser briga, ela vai ter!

Nessa hora são fornecidas algumas cadeiras e pedaços de pau com arame farpado. Coisas bem típicas.

- Eu vou chamar a policia!
- Ele não fez nada!
- Fez um filho.
- E isso é crime?
- Quando se tem 20 anos e engravida uma menina de 16...
- Mas eu também quis!
- Minha filha!
- É isso mesmo, eu também quis!
- Mesmo assim, a policia vai dar razão a lei.
- Você me mata, mãe!
- Não, eu só quero o seu bem, mas você nunca vê isso.
- Senhora...
- Não chega perto ou é mais uma queixa!
- Mais uma?
- Então eu vou com ele mãe, eu mato aquele vagaba da vizinha que dá em cima dele e vou com ele.
- Jocilene, você não vai fazer nada!
- Ah, não, então espera.
- Não, tudo bem, eu aceito ele aqui. Tudo bem. Mas você vai tem que pagar pensão.
- Eu vou cuidar do nosso filho. O Gilcleiton vai ter tudo, eu já até arrumei um bico.
- Bico? Mas...
- Mãe...
- Tá, eu odeio esse clima. Vou assistir o Programa da Márcia pra ver se esqueço isso.