Deus no coração e o diabo no quadril

É carnaval no interior da Bahia. Não sei quanto ao resto do país, mas na Bahia o carnaval já começou há alguns dias. Mas por ter gente que ainda trabalha, as pessoas escolhem o sábado pra pegar seus carros, seus ônibus, suas motos e, acreditem, suas bicicletas. Verdadeiros heróis. Já vi várias vezes quando viajava ainda pequeno com meus pais, várias pessoas juntas, indo de bicicleta para o mesmo destino que o meu. E eu ainda pensava: “Poxa, olha só, trabalhando hoje.” Logo mais tarde via eles, bebendo uma cervejinha e batendo um baba na beira da praia. A parte do baba é a que eu mais gosto. Porque nas novelas clássicas sobre a vida pacata do carioca, sempre tem aquelas imagens rápidas dos caras jogando futvoley, todos saradinhos coisa e tal, acenando para as meninas sentadas nos bancos na calçada tomando água de coco. Eu tinha essas imagens na cabeça, achando que aquilo era praia. Quando chegava na “praia” lá estavam eles. Jogando um baba, com uma bolinha de leite e usando as próprias sandálias como trave, acenando para a sua mulher, deitada na areia mesmo, com a criança em cima da barriga melada de óleo. Vamos a la playa!

E é hoje que as pessoas dormem a tarde toda só pra ficar a noite toda acordados, ao som eletrizante de Parangolé. E se eu te disser que esse ano eles realmente estão querendo impressionar? Não acredita? Então segura. Atração deste ano: Calypso! Em pleno carnaval baiano vamos dançar aquele básico cavalo manco. Já basta isso o ano todo, no carnaval então, que delicia. Mais gostoso que acarajé com açaí. Então vai ser isso mesmo: “Senta aqui no colinho de papai, toda enfiada, faz um rebolation-tion, porque pra me conquistar você tem que rebolar.” Seria melhor trazer o Falcão (o que a Nara ama) pelo menos a gente se diverte ouvindo: “No alto daquele morro, plantei uma roseira. O vento no cume bate, a rosa no cume cheira”.

Porque o carnaval de Salvador é outra coisa, temos Banda Eva, Chiclete com Banana, se você puxar alguém pra beijar é gringa... Já mais embaixo, temos Os Sungas, O Troco, e se você puxar alguém, pode saber, é mãe de família.
Triste Bahia, ó quão dessemelhante estás e estou do meu antigo estado...

Mas, não quero colocar a cidade onde passei muitos dos meus carnavais com uma imagem negativa. Até porque minha namorada é de lá né, então é melhor parar. Ah, porra nenhuma, ela é pernambucana mesmo. Então amiguinhos, aprenderam muito sobre o carnaval do interior da Bahia? Ano que vem tem mais, abraços e DST a todos.