domingo, 11 de outubro de 2009

O Vício

Inventava seu rosto na voz. E pelo medo de cair, veio o calor corajosamente guardado no bolso. E então, saio de trás da minha incoerência e da raiva presente em alguns momentos para te amar mais uma vez. Amar você aqui, quietinha, involuntariamente e sem motivos. Dar ao corpo o devido peso da sua falta. Arrancar da cama, todos os dias, a saudade de conceber com o vício. Nossa falta de começo, de meio e de fim. Os leves pedaços dispersos nas letras, poemas e planos em cima de nossa contraditória inexistência. E eu revivo você congelando sua presença em uma fração da emoção a qual não me permito dizer. Aí, me cobro nesses instantes, até da distância que me fazia te enxergar do outro lado da sala, quando nem pulmões, mãos, receios e pernas eram capazes de me negar velar teu corpo todas às noites. E a saudade mostrando-se sempre mais poderosa do que minhas teorias e minha postura meio madura.
Hoje, não recolho minhas saudades, permaneço estática, parando o tempo, me aconchegando em nossas trocas de palavras para te amar mais uma vez. Amar com o inconformismo de quem não possui as rédeas da própria vontade. Amar de novo. "Amar você aqui, quietinha e involuntariamente." Amar sua ingenuidade cabível na paixão. Amar sua insegurança misturada ao zelo de quem se quer bem. Amar sua ansiedade e o talento para transformá-la em arte. Amar seus carinhos e os trejeitos sacanas nas madrugadas. Amar sua entrega sempre maior do que a minha. Amar só pelo tempo em que duram estas letras e frases, sem arrependimentos ou fugas. Consumindo você da ponta da língua aos meus pés covardes. Burlando minhas regras pretendidas para deitar ao teu lado novamente.
Até aqui, cada palavra nossa sendo ou não em vão, teve uma carga essencial, preencheu muito além de textos e inspirações poéticas. Formou toda uma filosofia expandida em mim sempre que me permito te amar mais uma vez.

4 Cafezinhos:

Edina Regina Araújo disse...

Lindo demais e "Amo" tuas escritas
Parabéns!!!

Jorge Oliveira disse...

Uau Nat! Se permitir sentir saudades é como dar carta branca a nossa própria liberdade amorosa sempre contida.
Direta e mesmo assim poética e elegante com as palavras.
Feraa!

Roberto Camilo disse...

Divino Nat! Adoro textos com detalhes de emoções.

Cristiano Contreiras disse...

Interessante a forma que contextualiza suas emoções - ao passo que determina detalhes do cotidiano, tudo num só momento.

Parabéns a você, Roberto e Jorge pela iniciativa do blog! só tenho a parabenizá-los! É criativo, é singelo, é voraz, inteligente, tem um "q" de cotidiano imerso nos textos...um misto de sensibilidade que invade tudo, a descrição de situações, é quase como tocar vocês três!

Ah, muito bom mesmo! abraço e sigo vocês aqui!

www.apimentario.blogspot.com
Jornalismo - Opinativo


www.bonequinhodeluxo.com
Meu site literario erotico


www.incensurados.blogspot.com
Diário intimo, vômitos literários