Amor e amizade

- Como você está?

- Péssimo!

- Ainda pensando nela?

- Ainda.

- Isso passa.

- Isso passa é o cacete!

- Calma. Vamos sair, vamos tomar um porre.

- Taí, vou tomar um porre. Não vai adiantar nada, mas hoje melhora.

- Isso, vamos tomar um pileque e esquecer aquela bandida.

- Como assim?

- Assim saindo e bebendo para esquecer.

- Quem tem que esquecer aquela desgraçada sou eu. O que você tem com isso?

- Eu, nada. Imagina.

- Você disse que precisava esquecer também.

- Modo de falar, solidariedade.

- Que papo esquisito. Nunca vi ninguém esquecer por solidariedade.

- Desencana, não tem nada. Você tá paranóico.

- Paranóico o cacete! Você disse que precisava esquecer.

- Eu não tenho nada para esquecer, você é que tem.

- Estou achando que eu tenho que esquecer mais coisa do que imagino...

- Ai meu saco. Larga disso. Que papo de aranha.

- O que você andou fazendo?

- Nada, já te disse.

- Você é, ou era, meu melhor amigo. Você pegou ela?

- Quer mesmo saber?

- Quero. Pegou, né?

- Não peguei.

- Não adianta negar. Pegou.

- Peguei. Peguei mesmo.

- Não acredito. Não estou acreditando. Como você teve coragem?

- Sabe como é, né? Ela sempre foi meio galinha. Eu também.

- Não fala assim dela não.

- Desculpe, mas você sabe que é verdade.

- É verdade. Mas como você pôde fazer isso comigo? Logo comigo?

- Não sei, foi momento. Quando vi, já era.

- Que cachorro! Que vaca!

- Não fique assim. Pense pelo lado bom. Acabou, você não vai mais ficar levando chifre.

- Claro! Nem que eu quisesse, não ia ter mais espaço. Se você pegou, todo mundo pegou.

- Me perdoa. Foi melhor assim. Ela ia te largar mesmo, me prometeu ficar comigo.

- ?!?

- Também me traiu.

- Acho é pouco... Bem feito! Toma otário! Quem mandou? Deus castiga!!

- Você não tem coração.

- Rá rá rá. Só rindo.

- Estou arrasado.

- Tu é muito é cara de pau.

- Verdade.

- Bora beber que eu já estou vingado.

- Bora.